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Vaginose bacteriana é uma doença muito comum em mulheres, especialmente na fase de vida sexual ativa.

Os sintomas mais frequentes são corrimento e mau cheiro, mas, em uma parte das mulheres, é assintomática, sendo detectada apenas com exames ginecológicos. Para as gestantes, ela surge com possíveis repercussões à integridade da unidade fetoplacentária, aumentando os riscos para as prematuridades e outras complicações pré-púberes.

Recentemente, Zabor EC, Klebanoff M, Yu K, Zhang J, Nansel T, Andrews W et al. publicaram um artigo muito interessante sobre o tema (Association between periodontal disease, bacterial vaginosis, and sexual risk behaviours. J Clin Periodontol 2010;37:888-93).

Este texto chamou a atenção pela associação entre a ocorrência de problemas periodontais e dessa morbidade comum às mulheres. É importante registrar que a doença periodontal está dentro de um grupo de doenças inflamatórias prejudiciais a qualidade de vida.

Também é fato que vários estudos sugerem que a periodontite pode se relacionar com a ocorrência do parto prematuro, do baixo peso ao nascer e da pré-eclâmpsia.

Estima-se que a vaginose afete, aproximadamente, 30% das mulheres entre 14 e 49 anos. Essa condição é caracterizada por uma diminuição das espécies de lactobacillus, normalmente predominantes na flora do trato genital, e por um correspondente aumento na diversidade de micro-organismos anaeróbios.

Tanto a periodontite como a vaginose têm sido relacionadas ao aumento de partos prematuros e de bebês de baixo peso ao nascer. O estudo de Zabor e colaboradores teve como objetivo analisar a existência de uma relação entre periodontite e vaginose.

Tecnicamente, foram analisados os dados de 3.569 mulheres. A doença periodontal foi estabelecida pela presença de três ou mais sítios com perda de inserção periodontal maiores ou iguais a 4 mm nas pacientes investigadas. A vaginose bacteriana foi diagnosticada como nível maior ou igual a sete – através de um método de coloração denominado “gram Nugent”.

Descobriu-se que 28% das mulheres com vaginose bacteriana, também tinham doença periodontal, sugerindo um risco 1,29 (95% CI: 1,12, 1,47) vezes maior de presença de doença periodontal entre mulheres com vaginose.

Por outro lado, a prática de sexo oral com parceiros sem relatos de cirurgias de fimose incrementaram em 1,28 (95% CI: 0,97, 1,69) vezes mais, o risco de desenvolvimento de doença periodontal, quando comparados com o grupo que praticava sexo oral com parceiros operados de fimose. No entanto, essa associação não foi vista como representativa na estatística.

Sugere-se que a associação entre periodontite e vaginose foi pequena, no entanto, significante. Essa associação precisa ser investigada para a melhor compreensão dos mecanismos que as duas condições compartilham.

Pode ser que exista uma relação de sinergia entre a periodontite, as práticas sexuais e a condição de circuncisão do parceiro, e essa relação também deverá ser investigada.

A compreensão desse tema é fundamental para elucidar essa possível “relação de trocas” entre bocas e genitálias. Os autores cogitam que isso possa significar um possível fator de cooperação para complicações na gravidez.

A dica é simples: capriche nos cuidados e na higiene íntima pessoal! Lembre-se que a boca faz parte desse jogo!

NOF Odontologia
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